sábado, 23 de março de 2013

Das inversões de papéis

Vez ou outra sou obrigado a pensar nas inversões de papéis que acontecem. O mais clássico que vejo são os pais que viram filhos. As situações em que isso se evidencia são "n". Porém, vejo que cada filho reage de uma forma diferente. Uns tem a tendência a se rebelar, beber, usar drogas, serem reprovados no colégio/faculdade. Tudo isso sem perceber que são os maiores prejudicados. Outros, assumem o papel de mais responsáveis da relação, dando o colo, ao invés de receber; aconselhando, ao invés de ouvir palavras de serenidade. Estes, geralmente, acabam por ser os mais prejudicados nessa relação. Mais ainda do que os anteriores. Por interesses próprios, irei abordar o lado dos "responsáveis".



Sou muito freudiano, então, é difícil que eu não procure um motivo escondido em toda e qualquer ação e fala das pessoas. Deve ser uma característica de pessoas controladoras como eu. Sendo assim, penso que os que assumem responsabilidades e posições que não lhes cabe, possuem razões. Após alguns anos de reflexão, chego à conclusão que isso é, talvez em sua maior parte, um mecanismo de defesa. Esses "acolhedores" não abrem tanto espaço para papai e mamãe por puro amor e altruísmo. Somos, essencialmente, egoístas. Pois, somos todos animais (racionais, sim! mas animais). Mecanismo de defesa porque é uma forma eficaz de evitar que se veja o que temos que mudar em nós mesmos. É um isolamento natural, fácil, mas nada prático. É frustrante e falso.



Uma dose de egoísmo é saudável. Mais que isso, é imprescindível a uma vida plenamente feliz. Mudar o curso de relações consolidadas, especialmente entre pais e filhos, é muito difícil. Apesar disso, quando a decisão é tomada conscientemente, torna-se mais fácil mudar a rota. Ainda não achei uma receita suave. Adotei a postura do "pisa fundo e vai". Quando faz sentido, a gente tem que confiar. Já disse várias vezes que acredito em mim (muito) acima de qualquer coisa. Logo, comecei a confiar nos meus intintos.



Ontem fui pego de surpresa por uma visita, tarde da noite. A pessoa não tinha um plano na cabeça, nem um pingo de responsabilidade consigo ou com outros que poderiam ser afetados por aquela decisão adolescente. Tive a calma de ouvir o desenrolar da novena antes de opinar. Asneira não é comigo. Fui o responsável, sensato e acolhedor. Só que dessa vez fui por pouco tempo. Atropelei meio que de jamanta. Convenci no final, quando achei que nem tinha mais jeito. Hoje, diante de um certo descaso, faltou uma resposta. De mim para eu mesmo. Valeu o esforço? Porque teve esforço sim. Terá valido quando for a hora?

A gente cria, mas eles são do mundo.

7 comentários:

  1. os controladores são egoístas? interessante perspectiva.

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    1. Talvez a escrita esteja dando margem, mas não foi o que quis dizer. Nós, seres humanos, somos essencialmente egoístas.

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  2. Eu sempre acredito que tudo vale a pena... mais que isso, muitas vezes tal postura é sua mesmo e por essa razão, é como se não houvesse como ter outra.

    De qualquer forma, ainda que existam reverberações em algum momento, eu sempre creio que no final tudo vai dar certo quando a poeira baixar...

    Abração!

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    1. Mas a gente tem que reconhecer quando é certo ser egoísta, né?

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  3. Eu ri com a primeira frase do texto!

    Muitas vezes nós somos obrigados a tomar papéis que não são de nossa competência e que não estamos preparados para isso. Às vezes, a atuação é tão perfeita que a gente simplesmente esquece do que é "vida normal" e o que é "vida dramatúrgica".

    A gente precisa de força, que às vezes não sabemos nem de onde tirar, mas temos que levantar e tentar, tentar e tentar.

    Um grande abraço e excelente semana para você, bah!

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  4. hahaha

    Does it make you wanna cry?

    Abraço, tche!

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  5. Gostei de seu texto, suas palavras e seu ponto de vista...
    Pena que alguns não controlam o egoísmo, não sabem dosar, embora como você diz, uma dose é saudável...
    Preciso medir a dose de meu egoísmo, pois ás vezes temos tais atitudes e não nos damos conta da situação.

    Abraços!

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