sábado, 26 de janeiro de 2013

A Iniciação - parte I

Eu tinha 10 anos e, pela primeira vez na minha infância eu era plenamente feliz. Até meus 15 anos, mais ou menos, era todo timidez. Sempre fui todo pensamento também. Acho que é a melhor forma de viver que os muito tímidos encontram. Isso ajuda lá na frente. Como ia dizendo, eu tinha 10 anos, morava numa rua onde todos os meus amigos do colégio e familiares moravam, num raio de mais ou menos 300 metros. Isso no interior em um tempo que segurança não era um problema. Lá não, pelo menos.

Ficávamos até tarde na rua e era tudo felicidade. Entre tantos que éramos de amigos e amigas, uns mais novos e outros mais velhos, veio logo a necessidade dos mais velhos me iniciarem. "Tu tá atrasado!" Pro colégio? Não, não tinha ficado com nenhuma guria ainda. Ok, tranquilo. Eu era apaixonada por ela, a irmã de um amigo. Vamos chamá-la de Nicole. Mas, como tudo tem uma estrada, não foi ela meu primeiro beijo. Foi a irmã de outro, que veio a ser meu melhor amigo na infância, mas isso é outro texto.
Totalmente natural, nos prensaram contra a parede da casa pela rua e nos beijamos. hahaha. Quanta estranheza senti. Sou muito sentimental. Intimidade é importante para mim hoje e, vejo, sempre foi. Mas uns meses se passaram e a Nicole ficou afim de mim. Decidida que já era (e experiente para seus 11 anos) falou para seu irmão organizar a história.

Era dia de aniversário e também era 1º de abril. Um tempo depois vim a entender a ironia. Enfim, era aniversário e tudo e todos estavam organizados para o evento da noite: não o aniversário, mas sim o momento em que a Nicole e eu iríamos "ficar".
Lembro como se fosse hoje, saímos do apartamento da aniversariante e fomos para o corredor do edifício, que tinha um grande hall em todos os andares. Lá, como um ritual, todos se reuniram em nossa volta enquanto nos olhávamos e sorríamos, naqueles segundos que antecedem o beijo, sempre de frio na barriga até para um guri de 10 anos. Foi aí que nos beijamos, batemos os dentes da frente como o esperado. Todos aplaudiram, festejando a iniciação. Ela era mais alta que eu, mas eu já não me importava mais. Sempre fui o baixinho da turma e estava ali, com a guria mais experiente de todas as outras que a aplaudiam.

Apesar dos meus rasos 10 anos e dos 11 dela, nosso relacionamento continuou e viramos namorados em alguns dias. Vivia na casa dela, trocávamos beijos de língua muito quentes entre paredes e guarda-roupas, um verdadeiro pornô chanchado, juro! Era muy caliente. E eu me apaixonei por completo. Lembro do nosso beijo na chuva também, que causou sensação entre meu primo e meu amigo, irmão dela.

O tempo foi passando, cada vez que eu brigava com o irmão dela, terminávamos. Ela ia devolver minhas coisas qe estavam na casa dela. Foi o caso do meu "Roletrando" certa vez. Lembram do programa do Silvio Santos? Pois é.

Chegou o dia.... talvez fosse agosto, pois me marcou tanto que lembro que estava frio e usava um blusão e uma toca. Era um dia de sol e céu limpo e eu estava almoçando na cozinha com minha família quando tocaram a campainha. Fui atender, pois sempre era para mim. Como disse, foram meus golden years da infância... Abri. Era o meu primo e o irmão dela, embuídos de sadismo e de uma felicidade da minha desgraça que apenas hoje entendo que era recalque. Estavam lá para me contar da traição dela. A cadela tinha dado uns amassos com o primo mais velho e de outra cidade que estava lá. Foi uma facada no meu doce coração. Criança é o ser mais cruel que já conheci. Na esquina, estava outra menina, que se aproximou um pouco e, falando alto, confirmou o fato.

Mas, eu não deixaria barato.

(to be continued...)

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