domingo, 17 de fevereiro de 2013

Decorrências

Todos sobreviveram ao carnaval pelo que andei lendo. Cada um com seu caso à parte, mais recluso ou mais exposto. Que bom. Eu também, com coisas boas e outras nem tanto. Disso, falo em outra hora. Mas, sabemos que tudo tem consequências e, quando olhamos para dentro, mudamos inevitavelmente.
Como disse no começo do blog, no primeiro post, meu motivo aqui é explorar a mim mesmo, conhecer pessoas e histórias, algo que acho incrivelmente eficiente no mundo dos blogs. Quem está aqui é, via de regra, diferente. Posto isso, gostaria de dizer que não quero aborrecê-los com minhas histórias em um sentido "meu querido diário", mas sim falar sobre situações que são recorrentes na vida de muitos. Isso, através das minhas histórias. Mesmo que não sejam muitas.
Em 2011 se iniciou um processo em mim que só viria a compreender um ano depois, após muitos erros e derrapadas que me prejudicaram profissionalmente, inclusive. Esse processo foi e tem sido doloroso, mas alguma coisa em mim mudou no fim do ano passado. Olhei para dentro e me enxerguei, finalmente, como alguém que merece mais do que tem e do que se permite ter. Para quem não leu o primeiro post, estou falando da minha sexualidade. Sexualidade a qual, neste momento, prefiro não rotular.

 Solidão. Ele sentia uma solidão muito grande. O fim de semana era mais do que descanso, tanto a mais que não teria como chamar de descanso. Era um momento em que dementadores surgiam, se aproveitando do seu medo e da sua ansiedade. Ele ali, sozinho com seus fantasmas, frágil e sem norte. Sem conhecimento do que guardava o futuro. Era uma crescente negativa, que minava a mente e enfraquecia o coração. Como ditos populares não existem por nada, pode-se usar aqui o "não há mal que dure pra sempre". Não há. Alguma coisa mudou e 2013 começou diferente. Muito diferente.
 


Solidão? Ele não sente mais. Incrivelmente, ela foi trocada por um sentimento de força e inspiração que existiam fortemente até há alguns anos. Como se tudo voltasse ao equilíbrio antigo, internamente. Só que de uma forma totalmente nova e diferente. Os dementadores estão enfraquecidos e em menor número. Tudo que antes incomodava muito, mal dá uma coceira agora. Tudo que dava medo antes, chama mais a atenção agora e frustra quando não vem na intensidade que se gostaria.
Isso tudo tem sido notado, de maneiras variadas. Colega de trabalho comentam de seu senso de humor aguçado, amigos estranham sua mudança de atitude, familiares estranham o afastamento natural que antes nunca fora dado. Relaçoes antigas surgem para uma conversa e comentam "tá mais feliz, hein? quem te viu e quem te vê". É verdade e não é fortuito. É decorrente de um diferente olhar. Para dentro, que é onde importa ver. É onde está a razão de se gostar de alguém além do período que a paixão pela beleza física dura. É onde encontramos nossos princípios mais básicos. Onde estamos em nosso essente ser.

9 comentários:

  1. "É decorrente de um diferente olhar. Para dentro, que é onde importa ver"
    Essas palavras não poderiam ser mais verdadeiras.
    Abraço!

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  2. Solidão pode ser a porta para a depressão, todo cuidado é pouco.
    Conseguir sair da solidão já é um grande passo para felicidade.

    Abraços!

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    1. Ro, não foi bem por aí que quis direcionar o texto. Mas, a verdade é que me sentia assim enquanto não aceitava a minha vida da forma que estava se moldando. Uma vez que me aceitei (seja lá como vá ser daqui pra frente), tudo ficou diferente. Aquela solidão sumiu. Na verdade, nem posso me considerar uma pessoa sozinha. Tenho amigos de verdade, pais presentes (muito embora cada um com seus váários problemas), um irmão que é meu orgulho e estou bem feliz profissionalmente. Meu problema maior estava em quebrar meus ideais, meus paradigmas. Uma vez que aceitei que não tinha problema em quebrar meus "sonhos" (hahaha) eu mudei. A solidão foi embora. Passei a curtir ficar comigo mesmo. Depressão não é mais um risco. Estou num caminho sem volta... para melhor!

      Grande abraço!

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  3. Sei bem o que é a Solidão e tudo o que ela traz consigo. fico contente por ver que estás a conseguir sair dela!

    Abraço e bom domingo :3

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  4. «...É onde está a razão de se gostar de alguém além do período que a paixão pela beleza física dura.»

    ...

    Foi inevitável, num súbito exercício de memória, ter-me transportado para as palavras de um poeta português:

    ...E depois, quando tudo transforma o amor em ternura,
    fica apenas a coisa mais séria, a coisa mais pura
    que persiste e resiste ao cansaço da carne madura.
    E perdura!...

    ...

    É bem capaz de ser no "depois" que se encontra a chave que há-de permitir adaptar a realidade à presença da solidão. A vida, se calhar, quando não nos limitamos a seguir as pegadas da indiferença, é um constante desafio em busca do improvável. Talvez porque os sonhos insistem em manter-se lá longe. Onde os horizontes se confundem com a perspectiva de um sorriso.

    Os sonhos, contudo, são o reflexo de nós mesmos. Deveria ser bem mais simples vivê-los!... A solidão é diferente - podemos até domesticá-la, mas a sua essência permanece.

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    1. "Onde os horizontes se confundem com a perspectiva de um sorriso."

      Driftin, isso é pura poesia.

      Obrigado pela visita! Andei pelo teu blog. Parou por que?
      PS.: que trilha sonora tem lá!! Adorei! Estou ouvindo agora...

      Abraço!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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