domingo, 3 de fevereiro de 2013

Uma dose "homopática"

Ontem senti medo da homofobia. Nunca tinha acontecido antes.
Como já falei, ainda estou em um processo de autoconhecimento e não consigo me definir exatamente. Particularmente, sou contra rótulos. Somos todos seres sexuais, para qual lado ou lados rola a atração não interessa muito. Mas, enfim, ainda vivo no meu restrito círculo de amigos que de nada desconfiam. Ou quase nenhum desconfia (deixamos isso para outro momento).

Eis que ontem iria tocar uma banda que sou muito fã aqui em Porto Alegre e fui com meus amigos. O fato é que desde que alguns acontecimentos, que ainda não relatei aqui, tiveram certa importância na minha vida e passei a aceitar quem eu sou a ponto de querer ir a fundo e dar um foda-se e ser feliz, eu tenho me sentido EXTREMAMENTE feliz. Isso se reflete no meu comportamento, obviamente. Ontem, estava eu belo e dançante, exalando sex appeal pelos poros e chega um casal, nitidamente fora do seu ambiente usual. Ele, um brutamontes feio e de cara amarrada, agarrado nela, piriguete cara de suburbana (redundante?). Sem oi, invadiram o espaço da nossa roda e começaram a "dançar" empurrando quem estivesse por perto. Eu, por supuesto. Imediatamente, ele começou com um olhar que mandava apenas uma mensagem: sai da minha frente que eu vou te bater. Indignado, permaneci e parei de dançar, ficando fixo para manter o meu lugar. Desisti, pois em algum momento eu iria ser derrubado. Mais, adiante na noite, o cara fez a mesma coisa com o meu amigo. Acabamos nos reorganizando, mas o cara estava atrás de briga. Talvez quisesse se mostrar para a sua fêmea. A festa continuou.
Em um dado momento, começou a tocar I Will Survive. (E, é nessa hora que a gente se entrega, rsrsrs.) Mesmo na versão do Cake (fantástica, aliás). Conforme minha empolgação começou a me tirar do chão, meu olhar se deparou com o do cara, que estava esperando para ver como eu iria reagir à música. Foi perceptível. Nessa hora, olhei para uma amiga e disse: "acho que ele vai me bater, ele é homofóbico na certa". Juro que senti um pequeno medo. Que revolta.

Nunca havia visto nada parecido aqui em Porto Alegre, pelo contrário, acho que as coisas aqui são/estão muito naturais já. Claro que tem uma longa estrada a ser percorrida. Mas, comparando ao que se vê por aí...

Meu ponto é, sempre estaremos expostos a esse tipo de gente. Não só os gays, mas todo e qualquer grupo desperta sentimento de oposição em alguém.

Achei oportuno fazer esse post, pois, coincidentemente, ontem o N.B. fez um post sobre os gays e o quanto a sociedade, cidade e familiares e amigos influenciam nos seus armários. Mesmo nos lugares mais abertos sempre teremos os extremistas. Acho que a chave do nosso armário nunca está muito longe. As nossas cidades, os nossos mundos não diferem muito. O que difere é a nossa visão de mundo.

Abraço

2 comentários:

  1. interessante seu blog, fiquei curioso em saber sua idade.

    =)

    sobre seu brutamontes, ele provavelmente só queria arranjar briga mesmo, isso é normal, mas o olhar dele foi a única coisa de "homofobia" que vc notou? a homofobia dele começou com o fato dele achar que para provar ser HOMEM DE VERDADE ele precisava agir como o idiota que agiu, homofobia é mais do que a agressão contra gays, homofobia é também o modelo de comportamento que se impõe sobre os héteros para eles agirem de tal forma para não parecerem gays, entende?

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    1. Foi só isso mesmo. O resto era o típico comportamento do pegador. No caso, pegador sem boa educação e oportunidades... mas, não muda o padrão.
      Valeu pela visita! Volte sempre!

      Tenho 27!

      http://falasnovas.blogspot.com.br/2013/01/recomeco.html

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